segunda-feira, 29 de março de 2010

PESAJ Urbano

Sempre fui um judeu “ não praticante”. Respeito todas religiões e tenho minha fé própria. Também confesso que sempre fui desinteressado e um “pouco muito” ignorante em relação a história do judaísmo, datas, tradições, etc. Um misto da educação que recebi dentro de casa com minha opção pessoal.

Mas apesar da minha reconhecida ignorância, sempre tive o prazer de ter inúmeros amigos judeus, onde o respeito as escolhas individuais sempre aconteceu.

E seja por coincidência ou caminhos que a vida vai apresentando, em Buenos Aires, fiz inúmeros amigos judeus, sem a menor intenção, sem nenhum interesse, apenas por gostos e costumes comuns que independem da religião. Esse sábado almoçava com 3 amigos, todos jujubas.... Outro dia éramos uns 15 jujubas entre outros 15 goyabas.

Na Argentina a comunidade judaica, ou “la colectividad” é bem grande, a maior da America Latina e a quinta maior do mundo. Agregando um fato histórico, em 1994 houve em Buenos Aires o maior atentado contra judeus depois da 2a.guerra mundial, matando 85 pessoas e ferindo outras 300. Seja por questões históricas, religiosas e o que for, já escutei alguns casos de antisemitismo, presentes na sociedade argentina. Diga-se de passagem, em alguns clubes privados e algumas cidades, judeus não são bemvindos.

Mas meu!!!! Esse tema é sempre delicado... eu não entendo picas... e estou aqui arriscando minhas palavras!!

Tudo isso para contar que ontém, depois de almoçar em um restaurante brasileiro meio ruim (mas que as crianças tomaram suco de manga e comeram arroz com feijão) havia um evento na Plaza Armênia no bairro de Palermo, que se chamava PESAJ URBANO. Haviam comidas típicas, (pena que já havia almoçado) musica hebraica e distribuíam um material muito bem feito explicando o significado do PESSACH. Agora estou um pouco menos ignorante... conversei com meus filhos que são de um casamento misto e gostaram de aprender um pouco da história.

FELIZ PESSACH... acho que a data está próxima

sexta-feira, 26 de março de 2010

Superclássico - BOCA X RIVER

A rivalidade BOCA X RIVER supera a de qualquer clássico brasileiro. Se adoramos futebol, por aqui quando o tema é BOCA X RIVER o que existe é o fanatismo mais louco que se possa imaginar. São doentes.

Os dois times andam mal das pernas e não brigam pelo titulo, mas ganhar o clássico é tão ou mais importante que ser campeão.

No domingo passado o jogo foi suspenso nos primeiros minutos por causa de um temporal que inundou a “ cancha” do BOCA, a famosa “ la Bombonera”. O jogo foi adiado para ontém 15:45!! Isso mesmo, a tarde!!

E vejam só! O estádio estava completo, praticamente 60.000 torcedores amontoados para ver o jogo e as TVs e rádios da cidade todos ligados. Parei para me perguntar se havia gente trabalhando ou que desculpa inventaram os 60.000 torcedores aos seus patrões. Haja atestado medico!

O jogo terminou 2 x 0 para o Boca. O River é “ horrîver”.

Ainda não tive a coragem de pisar em um BOCA X RIVER. Quem sabe um dia!

quarta-feira, 24 de março de 2010

O esporte faz amigos

No início de 2008, recém separado e começando uma nova etapa em minha vida, tive a felicidade de entrar em um grupo de assessoria esportiva argentino, esses que as pessoas treinam corrida como na USP e Ibirapuera em SP.

Na época estava bem mais pesado e como todo recém separado queria estar em forma para “voltar ao mercado” . Emagreci bastante, participei de boas provas, entre elas uma de aventura cruzando a cordilheira dos Andes no início de 2009. Hoje, recuperei alguns quilos, mas sigo bem mais magro que quando me separei.

Passados dois anos participando desta assessoria esportiva, posso afirmar que foi uma das melhores coisas que poderia ter feito por aqui. Neste grupo fiz várias amizades e contatos profissionais. Apesar de sempre comentar e falar de coisas que por aqui me desagradam (afinal estava acostumado com mordomias paulistanas), posso dizer que os argentinos são divertidos, alegres e gente finíssima!!

Ontém fui em um churrasco a noite, só homens. Quando cheguei fui ovacionado com musicas que cantam nos estádios.... Ole Marcio... Ole Marcio!!! Todo mundo adora o Brasil e me tratam muito bem!

Me fez lembrar quando eu tinha 10 anos e cheguei no acampamento de férias NR sem nenhum amigo e fiquei tristonho até que houve o primeiro futebol. Bastou jogar bola e as amizades se eternizaram.

Onde quer que esteja, na idade que for, o esporte é o caminho da alegria, da saúde e das amizades.

Gracias amigos!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pequenos Cidadãos

Hoje, depois de alguns “posts” de caráter mais critico, aproveito o blog para falar de algo que é bem positivo por aqui: escolas e crianças.

Quando almoço no bairro onde moro, que tem várias escolas, sempre observo algo difícil de imaginar em uma cidade como São Paulo: crianças caminhando livremente nas ruas, indo comer nos pequenos restaurantes próximos.

A grande maioria das escolas tem dupla jornada e quem não almoça no refeitório da própria escola, tem o hábito de sair para almoçar com amigos.

Por mais que Buenos Aires hoje não seja a cidade segura que já foi um dia, esse movimento na rua, com “chicos y chicas” bem uniformizados chama a atenção.

Quando vivia em São Paulo, meus filhos estudavam no colégio Vera Cruz, que sempre teve como marca o fato de ser liberal e moderno. Uma das metas era integrar os alunos as praças e lugares públicos, tornando-os mais cidadãos. Mas alguns episódios envolvendo assaltos, tiroteios em frente a escola, etc. tornaram o projeto da escola muito questionado por pais e mães. Deixar os filhos livres e soltos nas ruas de São Paulo é algo que expõe a riscos que os pais não querem correr. Depois, me lembro de alguns sequestros de alunos do Dante e do Santa Cruz. Enfim, naquele momento, ter alunos cidadãos era praticamente impossível.

Por aqui, por enquanto, essa integração do aluno com a vida real acontece de forma natural, sem grandes sustos e preocupações.

Noto que as crianças argentinas são mais crianças, menos erotizadas , mais ingênuas. Vivem a infância como lhes corresponde.

Enfim, um ponto importante a favor dos hermanos!

terça-feira, 9 de março de 2010

Multas de trânsito em Buenos Aires

É recente a descoberta das multas de trânsito como grande fonte de receita para o governo portenho. Certamente se inspiraram em São Paulo e tentaram copiar o modelo.

Porém os problemas são vários. Muitos lugares não estão sinalizados. Já aconteceu (mais de uma vez) de chegar no carro e nada do carro... a primeira sensação é que roubaram, mas em seguida alguém te avisa que o guincho acabou de levá-lo!

Há uma lei federal que proíbe estacionar no lado esquerdo da rua. Logo não há placa. Se o carro estiver parado aí, em alguns minutos já levam.

Sou a favor da ordem e da disciplina. Entendo que as multas serem caras ajudam a organizar a cidade. Porém por aqui, há má fé em favor da arrecadação.

Na segunda vez que guincharam o carro, fui indignado recorrer da multa! Um verdadeiro parto, onde a chance de reverter a situação é próxima de zero. O carro estava bem estacionado, do lado direito, mas perto da esquina. O problema era que era o último da fila e o mais fácil para o guincho arrumar o que fazer.

Me documentei, levei foto, etc. Aqui quando quer recorrer tem que ir a uma espécie de juízado de pequenas causas. Levantam sua ficha e um “juiz” te julga inocente ou culpado. Perde-se uma manhã para o trâmite, que no meu caso foi em vão. A alegação do “juiz” foi que naquela rua onde estava o carro, não podia estacionar de nenhum lado. Mas não tinha placa e tinham outros 50 carros estacionados. Discutir com o "fdp" foi só perda de tempo.

Multas por estacionamento, velocidade e por qualquer motivo que inventarem podem chegar e não há muita opção a não ser pagá-las, mesmo que injustas. O cidadão portenho não tem como se proteger.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Domésticas

Que saudades que dá da Adriana, a empregada que trabalhava na minha casa de SP. Era responsável, gostava das crianças, cozinhava, deixava a casa impecável, as camisas bem passadas e estava sempre bem humorada.

Provavelmente, independentemente do destino dos brasileiros que saem do país, uma grande dificuldade é conseguir uma boa empregada.

Na Argentina, as “chicses” são em 90% dos casos são uma mistura de paraguaias, bolivianas e peruanas . Caraca, peguei pesado no preconceito?? Não, é só um fato verídico.

O que elas menos querem e gostam é de trabalho. Fazem o mínimo necessário, sem a menor boa vontade e estão sempre loucas para irem embora. Desculpas para não trabalhar aos montes. Basta estar nublado e já tem um motivo para não sair de casa. Quando você menos espera, vem com um filho na barriga. Os outros filhos estão em algum lugar, esperando a mãe chegar para fazer o supermercado e preparar a comida. O marido, normalmente é um vagabundo sem vergonha. Bebe e vê TV.

Estava montando uma coleção de camisas de futebol para meu filho e de um dia para o outro as camisas do BARCELONA e do ROMA simplesmente desapareceram. Ok, ok... não é uma exclusividade argentina esse tipo de “ chicse “. Mas que dá saudade da Adriana, dá.!

terça-feira, 2 de março de 2010

Supermercados Argentinos

Fazer supermercado é um dos grandes “penalties” para um divorciado. Para piorar minha situação, tenho que ir aos supermercados argentinos.

O “modus operandi”, como tudo por aqui, é diferente, ou melhor dizendo, pior.

A seguir algumas caracaterísticas dos supers argentinos:

Muitos não tem estacionamento. Tenho que pendurar os saquinhos um em cada dedo... quando chego até o carro as mãos já estão todas marcadas. Preciso encontrar a chave, liberando algum saquinho... normalmente o do “ovo” acaba caindo no chão.

Não há empacotadores. Você mesmo é responsável por ensacar a compra.

Seguindo a linha de “quanto menos empregados melhor”, é comum em um CARREFOUR ter 3 ou 4 caixas funcionando e grandes filas.

Compras maiores, sem exceção, só delivery. É o mais comum. O problema é que podem demorar até 3 horas para entregar e alguém tem que ficar esperando.

Os caixas rápidos para compras de até 10 volumes são lentos. Não deviam chamar rápidos!

O monitor que demonstra os preços fica virado para o caixa e não para o comprador. Precisa conferir!

Os preços nas gôndolas são mal marcados. O mais normal é aparecer algo errado, e é claro, mais caro do que aparece na gôndola.

Muitos caixas recebem pagamentos de água, luz, telefone, etc... Se tem alguém pagando conta na sua frente, é necessário paciência redobrada!

As vezes , quando está chegando sua vez, o caixa para de funcionar. A partir de um volume de dinheiro no caixa, vem um gerente retirar o dinheiro e demora até voltar a funcionar.

E completando. Não tem:

requeijão

farinha láctea

suco de uva Superbom

leite moça

paçoquita

“nossas” frutas

feijão!!