segunda-feira, 12 de abril de 2010

Garçons portenhos

Sem querer comparar, mas já comparando, não dá para comparar o atendimento de um garçom argentino com um brasileiro (de SP, “por supuesto”). Antes de continuar a ler, volte e releia do início desse parágrafo, uma das melhores e incomparáveis frases que já escrevi, ao bom estilo do falecido Armando Nogueira.

Voltando ao tema. Um restaurante normal argentino chega a ter um garçom para atender 20 mesas. Obviamente que o serviço fica lento. O sujeito nunca está olhando para sua mesa, sempre está atendendo uma das outras 19 mesas, que juntas somam umas 80 bocas. Alem de tomar o pedido e servir, normalmente tem que recolher os pratos e limpar a mesa. Levam consigo uma carteirinha de couro e eles mesmos cobram e dão o troco, manuseando a grana, alem da comida. Claro que há exceções, mas esse padrão é o mais comum.

A taxa de serviço não é cobrada na conta. Cada cliente deixa a “propina” que quiser. Ao estilo americano, é daí que sai boa parte do seu salário.

Para quem está acostumado com São Paulo, o atendimento em muitos lugares portenhos chega a ser irritante. Com todo respeito, o garçom argentino tem velocidade baiana e simpatia italiana. Demora e se você reclamar ele ainda cospe no prato.

A explicação ao meu entender se baseia em 2 fatos. Primeiro que o dono do restaurante evita ao máximo ter empregados, sobrecarregando poucos para atender muitos clientes. Segundo, que muitas vezes o garçom está lá trabalhando porque não conseguiu nada melhor. Não gosta do que faz, teve uma escola até que boa, mas o mercado de trabalho não lhe absorveu. Trabalha só pela grana, infeliz de estar lhe servindo, já que no fundo era ele que queria estar lá sentado comendo.

Os garçons de SP, sem bairrismo (essa forcei!), valorizam o trabalho que tem, atendem com vontade e simpatia. Estão para te servir, com humildade e educação. Em São Paulo cada cliente é tratado como um rei.

2 comentários:

  1. Hehe..caraca Márcio, não sabia que ai o esquema era assim com os "mozos". (pelo que você disse, deve ter alguns ai que são piores do que aqueles caras que servem churrasco grego no largo do Paysandu, hein?! hehe)

    Depois, quando eu diga pra minha esposa que a Argentina é um Paraguai melhorado...hehe (ela fica uma arara!)

    Embora eu só conheça uma partezinha da Argentina (Provincia de Misiones), mas pelo o que eu vi lá, deu pra perceber que o povo não é tão chegado ao batente como aqui em São Paulo (embora, também, aqui no Brasil tem cada lugar que eu vou te contar, hein?!...hehe)

    Também, ficando um tempo lá e vendo os canais de tv, tive a impressão que a Argentina não era tudo aqui que eu pensava. (aquela europa sulamericana que 'criaram' na midia)

    Tudo bem que eu moro em São Paulo, mas sei lá, me deu a impressão de um povo meio a la carioca, ou seja, muito garganta. (com todo respeitos aos meus parentes e amigos cariocas - minha mãe é de lá) Os caras valorizam demais as coisas por lá, entende?!

    Ainda sobre esse tópico, também não sabia que por lá eles não cobravam os 10%.

    Márcio, não sei se você já parou para pensar nisso, mas tem certas coisas que os argentinos brigaram e conquistaram. (a ser copiado por aqui)

    Com certeza acho que eles devem ter brigado muito para não pagar esses 10%, não?

    Outras coisas que me chamam a atenção é sobre o preço dos combustiveis (automaticamente das passagens de trem, metrô e ônibus em geral- com exceção às de avião) e energia elétrica. (embora eles tenham refinaria para a gasolina, e nós não)

    Eu digo pelo o que eu vi em Misiones. Quando soube sobre o preço que eles pagam por 1 butijão de gás, a energia elétrica, passagem de ônibus (e o serviço da crucero del norte dá de 10 a 0 em qualquer companhia aqui do brasil, heim?!), litro da nafta (gasolina)... fiquei de boca aberta, e com muita raiva do quanto sou roubado aqui em São Paulo! Um verdadeiro absurdo!

    Márcio, imagina se ai em Buenos Aires eles põem a passagem do ônibus urbano a 2,70 pesos? (como é aqui em São Paulo, mas claro só que em real) hehe. Se eles põem pedágio na estrada a cada 50 kms? hehe

    No minimo eles quebram e põem fogo em tudo, não?!

    Enquanto isso, aqui no nosso eterno e lindo berço brasileiro, o nosso povo semi analfabeto, despolitizado (o que vota em qualquer um porque é tudo igual), continua aceitando o que o governo continua a botar no nosso 'cofrinho'!

    Uma das coisa que comparo quando escuto falar sobre os niveis de politização dos povos do Brasil é Argentina, é que lá a independência deles teve a participação do povo, enquanto aqui, ele só assistiu a elite fazendo-a.

    Ou seja Márcio, da pra perceber que a coisa é bem antiga, né?!

    Abraço!

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  2. Outra coisa que percebo nos garçons de Buenos Aires é que, além da falta de cortesia e de agilidade, é o machismo! Hoje fiquei esperando um tempo além do razoável para ser atendida e observei que o mesmo não acontecia quando eram homens que faziam o pedido. Além disso, o garçom servia o prato aos homens, para mim, deixou que eu mesma me servisse.

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