sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

500 mil comércios e pouca esperança


Já ouvi dizer que em Buenos Aires existem 500 mil pontos comerciais!! Não sei de onde vem esse número, mas posso acreditar.

Basta olhar para o lado e verá lojinhas atrás de lojinhas. Em um quarteirão portenho, quase que com certeza se encontra uma lavanderia, um cabelereiro, uma quitanda, um “kiosco” que vende de tudo (uma mini loja de conveniência), um café com mesas para ler jornal, uma livraria, etc... Na quadra seguinte você encontra o mercado chinês, o sapateiro, a sorveteria, a farmácia, um restaurante qualquer.

Atrás dos balcões, invariavelmente está o dono. Alem do dono, talvez esteja a mulher do dono ou seu filho/filha. Ninguém tem empregados. Não há margem e o risco trabalhista é alto.

Em janeiro é comum andar pelos bairros e ver muitos negócios fechados. O dono sai de férias e simplesmente abaixa os portões. Não há quem cuide do negócio se o dono não está. Reina a plaquinha “ Abrimos em 01.fevereiro”.

Outro dia deixei o carro para uma revisão na oficina de um amigo. A oficina é boa e grande para os padrões argentinos. Quando cheguei para buscar o carrro, encontrei meu amigo cheio de graxa. Só 2 pessoas trabalham na oficina, ele e seu pai.

O que se vê é resultado de vários anos de um pais sem nenhum projeto de crescimento industrial, que gerou quase que o fim do emprego e a fuga de muitos argentinos para países europeus, principalmente a Espanha por conta do idioma.

As lojinhas garantem nada mais que o uma vida básica aos argentinos “sem trabalho”. O que será feito para o país ser mais próspero ninguém sabe. O argentino de hoje está sem esperanças.

2 comentários:

  1. Márcio, embora ainda não conheça Bs As, lá em Misiones eu também vi muito disso (negócios bem familiares)

    Isso me faz lembrar de um falecido senhor imigrante grego que vivia em meu prédio.

    Enquanto ele migrou para São Paulo, na década de 60, o seu amigo foi para Buenos Aires.

    E, através de correspondências, este que foi para a Argentina sempre reclamava que não via oportunidades para melhorar de vida (passou a vida inteira trabalhando em um pequeno kiosco), enquento o que veio para cá batalhou uma enormidade, mas deixou os filhos em uma situação bem melhor que a da familia do amigo.

    Também, sobre isso (de "só voltamos em 1 de fevereiro") me lembro que na primeira vez que fui à Oberá e Posadas, fiquei surpreso com o clima de domingão a tarde em pleno meio de semana (não conhecia de perto a famosa 'ciesta', um costume bem espanhol)

    Até hoje 'sigo jodiendo' minha esposa (que é natural de lá) que é por isso que a Argentina está como está... 3 horas da tarde e os caras tão dormindo em casa?! hehe... (e quando digo à ela que a Argentina virou um Paraguai melhorado então?...hehe... Os caras estão morrendo de fome mas não perdem o orgulho de serem argentinos. impressionante o exemplo, velho)

    Mas, falando sério, esse esquema deles (de entrar as 8 hs. no trampo, trabalhar 4 horas, descansar + 4 e voltar ás 16 hs.) é bem melhor pra saude que, por exemplo, o esquema "suicida" que vivemos aqui em São Paulo.

    Eles vão pra casa, almoçam decentemente (consequentemente se 'envenenam' menos), dão uma dormidinha básica e voltam pro 'segundo tempo' em melhores condições. (infelizmente isso seria impossivel de se fazer em uma cidade grande do Brasil)

    Márcio, se você puder colocar em um tópico como é isso ai em Bs As e região, lhe agradeceria, ok?!

    Cara..., Misiones é um paraiso perto do inferno que é São Paulo, mas chegar a morar em definitivo lá...mmm...acho que Foz do Iguaçu seria a solução para o meu caso (inclusive todo ano faço esse vôo pela GOL - Guarulhos-Foz)

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  2. Itararé,
    Agradeço seus comentários.
    É uma honra ter você como leitor do blog!
    Na Capital Federal a " siesta " é mais complicada! A grande concentração de escritórios fica no centro, longe das casas e não dá tempo de ir e voltar.
    Um abração!

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